BRASIL: GARIMPO ILEGAL CAI PELA METADE COM LULA E AVANÇA EM ÁREAS DOMINADAS POR ‘MILÍCIAS’

BRASIL: GARIMPO ILEGAL CAI PELA METADE COM LULA E AVANÇA EM ÁREAS DOMINADAS POR ‘MILÍCIAS’

Relatório do Greenpeace aponta redução de 50% no desmatamento causado por mineração em terras indígenas, mas destaca aumento alarmante em regiões como a TI Sararé, alvo do Comando Vermelho, uma facção que pode ser considerada uma milícia.

A saída de Jair Bolsonaro (PL) e a volta de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto representou uma guinada no combate ao garimpo ilegal em terras indígenas na Amazônia. O avanço da fiscalização e das operações de repressão resultou numa redução de 50% na média anual da destruição provocada pela actividade.

Mas enquanto algumas áreas viram uma queda significativa, outras registaram um aumento na degradação. Os números foram divulgados nesta terça-feira, 8, pelo Greenpeace, no relatório Ouro Tóxico: Como a Exploração Ilegal de Ouro na Amazônia Alimenta a Destruição Ambiental, as Violações dos Direitos Indígenas e um Comércio Global Obscuro.

Segundo o Greenpeace, entre 2023 e 2024, foram destruídos 4.219 hectares de floresta amazônica por açção do garimpo ilegal — média de pouco mais de 2.100 hectares por ano. Durante o governo Bolsonaro, a devastação somou 16 mil hectares, ou cerca de 4 mil hectares por ano, de acordo com dados do MapBiomas, também baseados em imagens de satélite.

“Até agora, o governo tem mostrado disposição em combater o garimpo em terras indígenas. Vínhamos de uma gestão simpática à causa garimpeira, que chegou a defender a abertura desses territórios para exploração económica”, afirmou Jorge Dantas, porta-voz do Greenpeace, à agência AFP.

Aqueda nas áreas mais críticas indica que a actuação do governo começa a surtir efeito. Na Terra Indígena (TI) Munduruku, por exemplo, a mineração ilegal recuou 57% em 2024, em relação ao ano anterior. Na TI Kayapó, a redução foi de 31%, e, na TI Yanomami, de 7%.

Por outro lado, o avanço do garimpo em determinadas regiões acende o alerta. Na Terra Indígena Sararé, localizada na porção amazônica do Mato Grosso, a área explorada ilegalmente saltou 93% entre 2023 e 2024. Segundo o Greenpeace, o território tem sido alvo de criminosos associados à facção Comando Vermelho.

Exportação e lavagem de ouro O relatório também denuncia os caminhos do ouro extraído ilegalmente, que acaba por ser exportado para países como Suíça, Canadá e Reino Unido, abastecendo principalmente os sectores de joalheria e relojoaria.

“O percurso do ouro ilegal até entrar na cadeia de fornecimento legal é complexo e envolve diversas etapas, que vão desde a falsificação de documentos e registos de minas até o contrabando, ‘esquentamento’ e pseudorefinação do metal”, alerta o documento.