INTERESSE DOS EUA E DA CHINA NO SÍTIO DE TERRAS RARAS DE US$ 62 BILIÕES DO QUÉNIA DESPERTA PREOCUPAÇÃO LOCAL

INTERESSE DOS EUA E DA CHINA NO SÍTIO DE TERRAS RARAS DE US$ 62 BILIÕES DO QUÉNIA DESPERTA PREOCUPAÇÃO LOCAL

As nações africanas estão cada vez mais no centro de uma nova Guerra Fria dos minerais. A colina Mrima Hill, no Quénia, com depósitos de terras-raras avaliados em mais de US$ 62 mil milhões, tornou-se um foco principal da competição entre os Estados Unidos e a China por minerais críticos.

A descoberta atraiu a atenção de potências globais que procuram diversificar as suas cadeias de fornecimento de minerais críticos. Em junho, Marc Dillard, então embaixador interino dos EUA no Quénia, visitou a Mrima Hill como parte do esforço diplomático de Washington para assegurar o acesso sustentável às terras-raras de África.

Relatórios indicaram que cidadãos chineses também tentaram visitar a área nos últimos meses, mas foram impedidos por guardas locais.

Interesses Estrangeiros Aumentados

O local alberga nióbio e outros minerais valiosos usados em siderurgia, engenharia aeroespacial e produção de tecnologias limpas.

Receios Locais e Significado Cultural

A comunidade local, principalmente do grupo étnico Digo, teme deslocamentos e exclusão de benefícios futuros de mineração. A floresta onde está o local não é apenas uma zona de extração: alberga santuários sagrados, plantas medicinais e sepulturas ancestrais que constituem o centro espiritual da comunidade Digo.

Passado Problemático de Mineração no Quénia

O sector de mineração do Quénia tem sido marcado por disputas entre investidores e governo. Em 2013, o governo revogou a licença da empresa Cortec Mining Kenya para operar em Mrima Hill, citando preocupações ambientais e irregularidades no processo de licenciamento.

Com o aumento da procura global por terras-raras e a China a limitar exportações, Nairobi reabriu as portas aos investidores. O Ministério da Mineração anunciou reformas ambiciosas este ano, incluindo novos incentivos fiscais, maior transparência no licenciamento e um registo digital, com o objetivo de aumentar a contribuição do setor de 0,8 % para 10 % do PIB até 2030.

Papel Estratégico da África

Em todo o continente, os governos estão a reposicionar as suas políticas minerais à medida que cresce a competição por recursos críticos. Através da African Continental Free Trade Area (AfCFTA) e da African Union (União Africana) com a sua Estratégia para Minerais Verdes, a África procura ultrapassar o modelo antigo — em que exportava matérias-primas e obtinha poucos benefícios — e passar para refinação, fabrico e industrialização.

Fonte: Business Insider África