
Angola quer subir ao trono dos diamantes. A estatal Endiama apresentou uma proposta “concreta e bem definida” para adquirir os 85 por cento que a Anglo American detém na diamanteira De Beers, enfrentando gigantes internacionais e, em particular, o Botsuana, que também ambiciona o controle da empresa.
O anúncio foi feito pelo presidente do Conselho de Administração da Endiama, José Manuel Ganga Júnior, em entrevista à Bloomberg, onde garantiu que Angola já deu o primeiro passo no processo de compra. Sem revelar detalhes, por questões de confidencialidade, o gestor adiantou apenas que “seguem-se ações subsequentes”.
A iniciativa confoma as ambições do país em reforçar o seu peso no mapa mundial dos diamantes. Em Setembro, o Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás já tinha manifestado interesse em adquirir uma participação estratégica na De Beers, com o objectivo de formar uma aliança com o Botsuana.
A corrida pela De Beers intensificou-se desde que a Anglo American, cotada em Londres, anunciou a intenção de vender a sua participação como parte de uma reestruturação global. O processo formal de venda arrancou em Junho e já atraía investidores de peso, incluindo antigos executivos da própria empresa, Gareth Penny e Bruce Cleaver.

Ganga Júnior afirmou esperar que Angola “chegue a um entendimento” com o Botsuana, embora o país vizinho, actual detentor de 15 por cento da De Beers, tenha o direito de igualar qualquer proposta externa. Para o líder da Endiama, o potencial de cooperação é enorme: “A De Beers é uma empresa tão grande que há espaço para vários parceiros”, afirmou, sublinhando que a tecnologia e o sistema de marketing da empresa britânica poderiam impulsionar o crescimento do sector diamantífero angolano.
A disputa surge num momento em que Angola ultrapasou o Botsuana como maior produtor africano de diamantes em valor. Segundo o Processo de Kimberley, o país produziu em 2024 mais de 16 milhões de quilates, superando os 15 milhões de Botsuana. Contudo, especialistas alertam que o brilho do mercado está a perder intensidade, devido ao crescimento dos diamantes sintéticos e à desaceleração do consumo global.
Fonte: Ecos do Henda