O LÍTIO DO ZIMBÁBUE ESTÁ EM DEMANDA PARA FABRICAR BATERIAS: COMO GARANTIR QUE OS BENEFÍCIOS FLUAM PARA A ECONOMIA LOCAL

O LÍTIO DO ZIMBÁBUE ESTÁ EM DEMANDA PARA FABRICAR BATERIAS: COMO GARANTIR QUE OS BENEFÍCIOS FLUAM PARA A ECONOMIA LOCAL

Apesar da crescente procura global por baterias de íons de lítio, grande parte do lítio do Zimbábue é exportada como matéria-prima, principalmente para a China.

O Zimbábue possui as maiores reservas de lítio no continente africano, exploradas desde os anos 1950. Esse elemento é essencial para baterias de íon de lítio, que alimentam veículos eléctricos e tecnologias de energia renovável. O mercado mundial dessas baterias está avaliado em cerca de US$ 78,9 bilhões e pode alcançar US$ 349,6 bilhões até 2034.

Em 2021, houve uma nova corrida pelo lítio no país devido ao aumento da procura global. Hoje, a maioria das minas de lítio do Zimbábue é controlada por empresas chinesas, como Sinomine, Zhejiang Huayou Cobalt, Chengxin Lithium, Yahua e Canmax.

Não existe produção de baterias no país; o minério é exportado como matéria-prima, e grande parte da receita económica associada ao lítio acaba nas mãos das empresas chinesas que transformam o minério em baterias e outros produtos.

Principais pontos e recomendações do artigo:

1. Adopção de controlo estatal completo sobre os recursos de lítio

O governo do Zimbábue deve buscar maior soberania sobre as suas reservas, reduzindo a dependência excessiva de investimentos chineses e garantindo que o valor do lítio permaneça no país.

2. Governança centrada nas pessoas

É essencial implementar políticas que coloquem os cidadãos zimbabueanos no centro da gestão dos seus recursos — promovendo transparência, participação comunitária e justiça económica.

3. Consulta e participação das comunidades afectadas

As comunidades em regiões como Buhera, Bikita, Mberengwa e Goromonzi enfrentam poluição, despejos, condições de trabalho inseguras e violações de direitos humanos. Elas devem ser realmente envolvidas nas decisões sobre os benefícios do lítio.

4. Proibir exportações de concentrados de lítio agora, e não aguardar até 2027

O governo já está a planear banir as exportações de concentrados de lítio a partir de Janeiro de 2027, mas o autor defende que essa medida deveria ser implementada imediatamente para evitar que o país continue a perder valor produzido localmente.