POR QUE A NIPPON STEEL DESISTIU DA USIMINAS

POR QUE A NIPPON STEEL DESISTIU DA USIMINAS

A Nippon Steel, que ajudou a fundar a Usiminas nos anos de 1950, planeia concentrar as suas operações internacionais.

A Usiminas anunciou nesta quarta-feira (4) que o grupo Nippon Steel, um dos fundadores da companhia, vendeu para a Ternium toda sua participação na siderúrgica mineira. As empresas venderam cerca de 153,1 milhões de acções, representando 21,71% do total de acções da Usiminas, por um preço de aproximadamente US$2,06 por acção.

A Nippon Steel, que ajudou a fundar a Usiminas nos anos de 1950, disse que planeia concentrar as suas operações internacionais nas suas principais regiões: Estados Unidos, Índia e Tailândia.

“A venda das acções da Usiminas tem o objectivo de mitigar outros riscos de prejuízo, já que não se espera uma recuperação significativa no Brasil em breve”, disse o vice-presidente da Nippon Steel, Takahiro Mori.

Com isso, o controlo da produtora de aços planos passa a ser exercido integralmente pelo grupo latino Ternium, que tem sede em Luxemburgo e que já detém no Rio de Janeiro uma usina de aços planos comprada anos atrás do grupo alemão ThyssenKrupp. O grupo também opera na Argentina, Colômbia, México e Estados Unidos.

A Ternium, parte do grupo europeu Techint, entrou no capital da Usiminas em 2012 quando comprou as participações detidas por Votorantim e o antigo grupo Camargo Corrêa. Ternium e Nippon Steel passaram anos em desacordo sobre a gestão da Usiminas, um conflito que só foi solucionado em 2018 com um acordo que previa alternância de indicações de cada grupo para a presidência-executiva da empresa mineira.

Único controlador

Analistas do Citi afirmaram que a desistência da Nippon da Usiminas é um movimento “neutro para positivo” para a Usiminas, uma vez que a “Ternium já controla a companhia, mas isso simplifica a governança e pode permitir uma execução estratégica mais ágil sob um único accionista controlador”.

Eles também avaliaram que a saída dos investidores japoneses da siderúrgica mineira pode melhorar a alocação de capital e permitir uma integração operacional mais próxima com a Ternium.

“O principal risco negativo para os accionistas minoritários, entretanto, é a possibilidade de uma potencial deslistagem sem direito a tag-along”, escreveram os analistas do Citi, citando ainda uma possível ampliação da diferença de preços entre as acções ordinárias e preferenciais da Usiminas.

A Ternium afirmou em comunicado que o preço acertado com os ex-sócios japoneses tinha sido alvo de um acordo de accionistas de Julho de 2023 e que o preço total da compra das participações chega a cerca de US$ 315,2 milhões (cerca de R$1,7 bilião).

Após o fechamento da operação, o grupo Ternium/Techint passará a deter uma participação relativa de aproximadamente 92,95% das ações vinculadas ao acordo de accionistas da Usiminas, enquanto a Previdência Usiminas, que apoiou o negócio, manterá fatia de 7,05%, afirmou a siderúrgica.

Reuters