
Decorre de 17 a 21 de Novembro do ano em curso, a plenária do Processo Kimberley (PK) de 2025 no Dubai. O encontro de alto nível, sob a Presidência Custódia dos Emirados Árabes Unidos, abriu um capítulo decisivo para o futuro da indústria global de diamantes.
Num ambiente marcado por expectativa e tensão construtiva, o encontro voltou a reunir, pela primeira vez desde 2002, uma Reunião Ministerial, reforçando a natureza histórica e urgente deste momento.
O programa “Ano de Melhores Práticas” ganhou, assim, um peso especial, com os Estados participantes, a indústria e a sociedade civil a convergirem para um objectivo central: “Reformar o mecanismo do PK e avançar, finalmente, para uma nova definição de diamantes de conflito que responda aos desafios contemporâneos”.
Angola, enquanto país com forte peso na indústria diamantífera em África também está presente no certame. A delegação é chefiada pelo Coordenador Nacional do Processo Kimberley, Estanislau Buio, e integram a comitiva, o Administrador da Endiama, Domingos Margarida, quadros Seniores da Comissão Nacional do Processo Kimberley, da Endiama e do Corpo Especial de Segurança Para Minerais Estratégicos (CESME).

Na sessão de abertura, o Presidente do PK, Ahmed Bin Sulayem, destacou o “momento crucial” que o sector atravessa e apelou a uma acção decidida.
“O mundo não pode perder a oportunidade de modernizar a definição de diamantes de conflito, reforçar o Secretariado e assegurar um modelo de financiamento sólido”, afirmou, reafirmando o Processo Kimberley como o mecanismo internacional mais fiável na proteção do comércio legítimo de diamantes.
A mensagem foi ecoada por H.E. Fahad Al Gergawi, Subsecretário do Comércio Exterior dos EAU, que reiterou o compromisso do país com uma governança global mais coesa e eficaz, insistindo na necessidade de estabilidade, colaboração e resultados tangíveis para o sector.
A sociedade civil, por sua vez, levou à Plenária uma perspectiva particularmente relevante para Angola e outros países africanos produtores.
Por sua vez, Jaff Bamenjo, coordenador da Coligação da Sociedade Civil do PK, afirmou de forma inequívoca que a expansão da definição de diamantes de conflito é benéfica para os Estados africanos, sobretudo num período em que o mercado enfrenta pressões significativas.
“Proteger as receitas provenientes dos diamantes naturais e resguardar as economias nacionais deve constituir uma prioridade comum”, apontou.

A Presidente do World Diamond Council, Feriel Zerouki, reforçou esta visão ao lembrar que as decisões tomadas em 2025 terão impactos directos nas comunidades e economias que dependem deste recurso, sublinhando que o Processo Kimberley existe para proteger pessoas e fortalecer oportunidades, não para consolidar poderes.
Com o mundo atento, cresce a expectativa de que esta Plenária traga progresso real, modernizando o mecanismo e consolidando o PK como um farol de credibilidade, cooperação e responsabilidade global. Os resultados esperados têm um alcance que ultrapassa fronteiras e discussões técnicas: tocam directamente a vida de milhões de pessoas cuja subsistência, desenvolvimento e dignidade continuam ligados à indústria dos diamantes naturais.
Importa referir que o Sistema de Certificação internacional do Processo Kimberley é o órgão de certificação da origem dos diamantes, concebido para evitar a compra e venda de diamantes provenientes de áreas de conflitos.