
O ouro regista em 2025 a sua maior valorização em mais de quatro décadas, em meio a uma onda de “FOMO” — o medo dos investidores de ficar de fora dos ganhos.
O metal acumula alta superior a 50% no ano e atingiu preço recorde de US$ 3,94 mil a onça-troy nesta segunda-feira, segundo informações do jornal britânico Financial Times. Trata-se do melhor desempenho anual desde 1979.
O disparo nos preços foi impulsionado inicialmente pela guerra comercial desencadeada pelo presidente Donald Trump, que levou investidores a buscar activos de protecção e pressionou o dólar para baixo.
Mesmo após a redução da volatilidade ligada às tarifas, a escalada continuou: em setembro, a cotação avançou quase 12%, maior salto mensal desde 2011.
Corrida do ouro
De acordo com o FT, a alta recente tem sido alimentada por uma nova onda de investidores institucionais, como fundos de pensão, que passaram a incluir ouro de forma estratégica em carteiras tradicionalmente compostas por acções e títulos.
O banco Morgan Stanley sugeriu substituir o modelo tradicional de alocação 60/40 entre acções e renda fixa por uma divisão 60/20/20, em que o ouro teria o mesmo peso da renda fixa.
Outro factor central foram os aportes em fundos negociados em bolsa (ETFs) lastreados em ouro, que atraíram US$ 13,6 bilhões apenas nas últimas quatro semanas, de acordo com dados do World Gold Council
No acumulado do ano, mais de US$ 60 bilhões líquidos já foram direccionados para o metal, recorde histórico.
O volume de ouro sob gestão desses fundos ultrapassou 3,8 mil toneladas, próximo ao pico registado durante a pandemia da covid-19.
A demanda, segundo o jornal, também reflecte preocupações com a emissão recorde de dívida soberana em países ricos, o que torna os títulos de renda fixa menos atractivos como instrumento de diversificação. Esse cenário, somado à pressão de Trump sobre o Federal Reserve para manter juros baixos, reforça o papel do ouro como protecção contra incertezas de longo prazo.
Revista Exame