TERRAS RARAS: ALEGO APROVA LEI QUE DÁ A GOIÁS FUNDO PRÓPRIO PARA COORDENAR CADEIA DE MINERAIS CRÍTICOS

TERRAS RARAS: ALEGO APROVA LEI QUE DÁ A GOIÁS FUNDO PRÓPRIO PARA COORDENAR CADEIA DE MINERAIS CRÍTICOS

A Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) aprovou nesta quarta-feira (27), em três sessões consecutivas, uma ordinária e duas extraordinárias, um projecto de lei que formaliza a criação da Autoridade Estadual de Minerais Críticos (Amic-GO) e do Fundo Estadual de Desenvolvimento dos Minerais Críticos (FEDMC).

A medida atende a uma iniciativa do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), que busca institucionalizar a actuação do Estado na exploração e no aproveitamento de minérios estratégicos, como as terras raras, cuja importância geopolítica tem crescido diante da corrida global por insumos da transição energética.

Aprovada em Plenário após passar pela Comissão Mista, a proposta altera a Lei nº 21.792/2023, que organiza a estrutura administrativa do Executivo estadual, e estabelece um núcleo de articulação único para todas as acções públicas e parcerias privadas voltadas à cadeia produtiva dos minerais críticos.

O modelo segue experiências internacionais de centralização estratégica e se inspira, internamente, no Fundo FIP Mineral de Minas Gerais.

Terras raras no centro da pauta

Na justificativa encaminhada à Alego, Caiado ressalta que o objectivo é fomentar o desenvolvimento econômico, tecnológico e social goiano por meio da gestão estratégica do sector. A intenção é ampliar o valor agregado das operações minerais no estado, atrair investimentos de alto impacto, formar mão de obra qualificada e fortalecer a competitividade da indústria local.

O debate sobre o tema foi marcado por posicionamentos suprapartidários. A deputada Bia de Lima (PT) manifestou apoio à proposta, destacando a necessidade de que Goiás detenha tecnologia e receba dividendos da exploração mineral. No entanto, fez um alerta ambiental: “A busca profunda desses minérios raros requer um cuidado muito grande com os resíduos, para que não se contamine o lençol freático”.

Já o deputado Clécio Alves (Republicanos) apontou dúvidas sobre a constitucionalidade da medida, por tratar de um tema que seria de competência privativa da União. Apesar disso, declarou que a iniciativa fortalece o protagonismo do estado.

Na mesma linha, Wagner Camargo Neto (Solidariedade) lembrou que, mesmo com o controle da União sobre o subsolo, as jazidas estão localizadas no território goiano. “A criação do conselho irá debater e buscar alternativas para extrair esse minério da melhor maneira possível”, afirmou.

Gestão de minerais críticos

A Amic-GO funcionará como instância de deliberação e interlocução do Governo de Goiás sobre qualquer tema relativo aos minerais críticos. Com isso, o Executivo busca dar respostas integradas e céleres a investidores e actores públicos, estabelecendo uma plataforma para negociações e atracção de investimentos em um sector que movimenta bilhões e está no centro da rivalidade entre potências como China, Estados Unidos e Japão.

Além da autoridade, o projecto também cria o Fundo Estadual de Desenvolvimento dos Minerais Críticos (FEDMC), destinado a financiar projectos estratégicos, apoiar pesquisa e desenvolvimento, ampliar a formação de capital humano e promover políticas de sustentabilidade no sector. O modelo é similar ao adotado por Minas Gerais, que já estruturou instrumentos financeiros voltados ao fomento mineral.

Fonte: Mais Goiás