
Uma das maiores minas de ouro é avaliada em R$ 420 bilhões e tem 3.000 metros de profundidade. A mina de South Deep, na África do Sul, concentra bilhões em reservas e impõe desafios extremos para a mineração.
Quando se fala em riqueza mineral, poucas histórias impressionam tanto quanto a de South Deep. Localizada na África do Sul, uma das maiores minas de ouro do planeta é avaliada em R$ 420 bilhões e chega a quase 3.000 metros de profundidade. O local guarda não apenas um tesouro subterrâneo, mas também uma das operações de mineração mais complexas e caras já realizadas pela humanidade.
A riqueza concentrada na Bacia de Witwatersrand transformou a região em referência mundial desde o século XIX. Hoje, a South Deep é considerada a jóia desse cinturão geológico, capaz de sustentar a produção de ouro até o final do século. Mas o que significa, na prática, operar um megaprojecto dessa escala?
Onde está localizada e por que é tão importante
A mina de South Deep se encontra na lendária Bacia de Witwatersrand, responsável por mais de 40% do ouro já extraído na história da humanidade. Descoberta em 1886, essa formação geológica deu origem à corrida do ouro que fundou Joanesburgo e colocou a África do Sul no mapa económico global.
South Deep representa a continuidade desse legado. Com reservas provadas e prováveis de 32,8 milhões de onças, a mina consolidou-se como um dos maiores activos minerais do planeta. Trata-se de um verdadeiro cofre natural, com valor estratégico que vai muito além da economia sul-africana.
Quanto ouro realmente existe na mina
De acordo com relatórios oficiais da Gold Fields, responsável pela operação, as reservas da South Deep ultrapassam R$ 420 bilhões considerando a cotação actual. Essa riqueza, no entanto, permanece em grande parte intocada, enterrada a quilómetros de profundidade e protegida por condições extremas.
Extrair esse ouro exige investimentos anuais que podem ultrapassar US$ 1 bilhão. Custos com ventilação, refrigeração, equipamentos e mão de obra altamente especializada tornam a operação uma batalha diária contra a geologia.
Desafios técnicos de operar a quase 3.000 metros
A profundidade da mina South Deep é comparável a três Torres Eiffel empilhadas sob a terra. Nesse nível, a rocha atinge temperaturas superiores a 50 °C, obrigando o uso de sistemas massivos de refrigeração.
Além disso, o transporte de trabalhadores é feito por elevadores que atingem até 60 km/h, reduzindo o tempo de descida para poucos minutos. Essa logística complexa transforma a mina em uma verdadeira cidade subterrânea, onde cada operação depende de tecnologia de ponta.
Impacto económico e concorrência global
A exploração de minas de ouro como South Deep tem reflexos directos no mercado internacional. A recente descoberta de uma reserva na província chinesa de Hunan, avaliada em mais de US$ 83 bilhões, indica que a competição pelo domínio do ouro segue intensa no século XXI.
Enquanto isso, a South Deep continua a ser um activo estratégico para a África do Sul, garantindo empregos, arrecadação e projecção internacional. O equilíbrio entre custos e lucros, contudo, segue como desafio constante para manter a operação viável.
Vale a pena investir em minas de ouro desse porte?
Do ponto de vista financeiro, a lição da South Deep é clara: possuir uma fortuna subterrânea não significa ter liquidez imediata. O verdadeiro valor depende da capacidade de transformar reservas geológicas em barras de ouro comercializadas no mercado.
Esse cenário mostra que minas profundas representam investimentos de longo prazo, onde tecnologia, engenharia e planeamento são tão valiosos quanto o próprio metal precioso.
O legado de South Deep
Mais do que uma operação mineral, South Deep é um símbolo da engenhosidade humana diante dos limites da natureza. Trata-se de um projecto que atravessa gerações e que seguirá produzindo ouro até 2092, segundo projecções actuais.
A mina é um lembrete de que a maior riqueza não está apenas no que se encontra, mas no que se constrói a partir do que a Terra oferece.
Fonte: CPG