MOÇAMBIQUE: MINA DE GRAFITE COM NOVA TRANCHE DE FINANCIAMENTO NORTE-AMERICANO

MOÇAMBIQUE: MINA DE GRAFITE COM NOVA TRANCHE DE FINANCIAMENTO NORTE-AMERICANO

Numa informação aos mercados, consultada pela Lusa, a Syrah diz tratar-se de uma nova tranche do empréstimo aprovado pela International Development Finance Corporation (DFC), que foi o primeiro do género da instituição de financiamento ao desenvolvimento do Governo dos Estados Unidos (EUA), atribuído em 2024, e que outros 4,5 milhões de dólares (3,8 milhões de euros) deverão ser libertados até Outubro.

A mineradora australiana Syrah anunciou hoje que recebeu nova tranche, de 6,5 milhões de dólares (5,6 milhões de euros), do empréstimo norte-americano para a mina de grafite moçambicana de Balama, que produz para baterias de carros eléctricos.

Numa informação aos mercados, consultada pela Lusa, a Syrah diz tratar-se de uma nova tranche do empréstimo aprovado pela International Development Finance Corporation (DFC), que foi o primeiro do género da instituição de financiamento ao desenvolvimento do Governo dos Estados Unidos (EUA), atribuído em 2024, e que outros 4,5 milhões de dólares (3,8 milhões de euros) deverão ser libertados até Outubro.

Acrescenta que financiamentos adicionais, de 75 milhões de dólares (64,4 milhões de euros), ao abrigo do mesmo empréstimo, que totalizaria 150 milhões de dólares (128,8 milhões de euros), estão contudo “sujeitos a novas condições”, incluindo uma “reestruturação” da operação, a realizar no próximo mês.

“Não há certeza de que novos desembolsos do empréstimo da DFC serão concluídos”, lê-se na mesma informação, que não adianta qualquer justificação.

A empresa, cuja actividade em Moçambique é feita pela subsidiária Twigg Mining and Exploration, em Cabo Delgado, justificou anteriormente o financiamento com “a importância da Balama para reforçar a cadeia de abastecimento dos EUA” em “minerais críticos”.

A firma australiana está também a desenvolver a Vidalia, uma fábrica de material para baterias nos EUA, alimentada com minério moçambicano, segundo dados anteriores da Syrah.

A mineradora australiana anunciou em 19 de Junho que retomou a produção de grafite natural na mina de Balama, norte de Moçambique, após seis meses de paragem provocada pela agitação social.

Numa informação enviada então aos mercados, a Syrah explicava que o “reinício da produção” aconteceu depois de “restaurado”, em 05 de maio, o acesso ao local em maio último e na sequência das “atividades de remobilização, inspecção, manutenção e preparação”.

“A Syrah aumentará progressivamente a utilização da fábrica e os volumes de produção numa campanha operacional para reabastecer o ‘stock’ de produtos acabados em preparação para envios de grande volumes. Sujeito à procura do mercado, a Syrah espera continuar a operar Balama em modo de campanha”, apontava.

Contudo, nessa informação de junho, sublinhava que declaração de “força maior” – que levou à suspensão da atividade -, nos termos do Acordo de Mineração de Balama, “mantém-se em vigor, aguardando a retoma dos envios de produtos e uma revisão mais aprofundada do ambiente operacional”.

A mineradora anunciou em 12 de Dezembro que invocou “força maior” pelo agravamento das manifestações e contestação aos resultados das eleições gerais de 09 de Outubro de 2024 – que provocaram desde então cerca de 400 mortos, além de destruição de equipamentos públicos e privados, essencialmente até Março, em todo o país -, que condicionavam a actividade na mina de grafite em Balama.

O termo “força maior” é um conceito jurídico que se refere a eventos externos, imprevisíveis e inevitáveis, que impedem o cumprimento de obrigações contratuais.

Na origem da suspensão da atividade, explicou a empresa anteriormente, estiveram os protestos junto à mina, que condicionaram até então a atividade, e que “foram terminados, e o acesso ao local recuperado”, após a intervenção das autoridades moçambicanas, que retiraram os últimos “manifestantes ilegais”.

Segundo a Syrah, a contestação inicial envolveu um “pequeno grupo” de agricultores locais, com “queixas históricas de reassentamento de terras agrícolas” por resolver.

Globalmente, a produção de grafite em Moçambique, para baterias de carros eléctricos, recuou 64% em 2024, para 34.899 toneladas, um dos registos mais baixos dos últimos anos, segundo dados do Governo.

Fonte: Jornal Económico