CIENTISTAS TRANSFORMAM CHUMBO EM OURO A PARTIR DE EXPERIMENTO SURPREENDENTE

CIENTISTAS TRANSFORMAM CHUMBO EM OURO A PARTIR DE EXPERIMENTO SURPREENDENTE

Um sonho antigo de alquimistas se tornou realidade na Europa. Cientistas envolvidos com o maior acelerador de partículas do mundo, o Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês) da Organização Europeia de Investigação Nuclear (CERN), conseguiram transformar chumbo em ouro – mas só por algumas fracções de segundo e a um custo enorme. A experiência foi divulgada pela revista Nature, em Maio de 2025.

Essa transmutação da matéria aconteceu num laboratório próximo de Genebra, na Suíça, onde o acelerador LHC – o mais poderoso do mundo – fundiu os íons do chumbo e os transformou em ouro.

A antiga busca alquímica pela transformação de chumbo em ouro

Químicos da Antiguidade sempre tiveram a pretensão de transformar o chumbo no metal mais precioso da Terra.

No entanto, as diferenças no número de prótons entre os elementos (82 para chumbo e 79 para ouro) tornavam esta equação química impossível para a tecnologia humana até o presente.

Como foi o processo de transformar chumbo em ouro?

Os pesquisadores europeus conseguiram o efeito inédito mirando feixes de chumbo uns contra os outros, colocando-os em velocidades próximas à da luz com a ajuda do Grande Colisor de Hádrons (LHC).

Os íons passam de relance uns pelos outros em vez de se chocarem de frente. Quando isso acontece, o intenso campo eletromagnético ao redor do íon pode criar um pulso de energia que faz com que o núcleo do chumbo em aproximação ejecte três prótons — transformando-o em ouro.

Detecção dos átomos de ouro instáveis

O experimento ALICE, do maior e mais poderoso acelerador de partículas do mundo, filtrou essas ocorrências de transmutação dos detritos de colisão mais amplos.

Numa análise publicada também em maio deste ano, no Physical Review Journals, a equipe calculou que entre 2015 e 2018 as colisões no LHC criaram 86 bilhões de núcleos de ouro — cerca de 29 trilionésimos de grama.

A maioria dos átomos de ouro instáveis e em movimento rápido teria durado cerca de 1 microssegundo antes de colidir com o aparato experimental ou se fragmentar em outras partículas.

Produção de ouro no LHC não será usada comercialmente

O ouro é produzido sempre que feixes de chumbo colidem no Grande Colisor de Hádrons (LHC), mas o ALICE é o único experimento configurado para detectar esse processo.

A análise “é a primeira a detectar e analisar sistematicamente a marca da produção de ouro no LHC experimentalmente”, afirma Uliana Dmitrieva, física e membro da colaboração ALICE, para o site oficial da Organização Europeia de Investigação Nuclear (CERN).

Os pesquisadores do CERN não têm planos de se dedicar à produção de ouro como actividade paralela, mas afirmam que compreender melhor como os fótons podem alterar os núcleos os ajudará a aprimorar o desempenho do acelerador de partículas mais potente que já existiu.

Fonte: Gazeta do povo