
A gigante brasileira comprou, em Fevereiro de 2025, a participação de 50% da chinesa Baosteel, consolidando 100% do controlo da antiga mina de ferro chinesa em parceria, localizada em Minas Gerais.
Num movimento estratégico que simplificava as suas operações, a mineradora Vale anunciava o retorno do controlo total da Baovale Mineração, uma empresa que mantinha em parceria com a gigante chinesa Baosteel. A transacção envolvia a compra da participação de 50% da sócia chinesa na joint venture que operava a mina de ferro chinesa de Água Limpa, em Minas Gerais.
O negócio, que tinha como valor de referência R$ 135 milhões, representava o fim de uma parceria de mais de duas décadas e consolidava um activo que, na prática, já era operado pela gigante brasileira. A compra da fatia era um passo lógico na estratégia da Vale de optimizar o seu portfólio.
Origem da parceria: Joint venture Baovale nasceu em 2001
A história da Baovale começava em 2001. Naquela época, a então Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) e a siderúrgica chinesa Baosteel criavam uma joint venture, com participação igualitária de 50% para cada uma, com o objectivo de explorar a mina de minério de ferro de Água Limpa, em Minas Gerais.
O acordo original, no entanto, já plantava a semente para o negócio actual. O contrato incluía uma cláusula de “opção de compra”, que dava à Vale o direito de adquirir a participação da Baosteel após 20 anos, um prazo que era posteriormente estendido por mais três anos.

O negócio de 2025: Os detalhes da aquisição de R$ 135 milhões
Em 2024, a Vale comunicava à sua parceira a intenção de exercer o seu direito de compra. O contrato definitivo foi assinado em Janeiro de 2025, e o anúncio público da transacção que dissolvia a parceria na mina de ferro chinesa foi feito em 6 de Fevereiro de 2025.
O valor do negócio não foi oficialmente divulgado pelas empresas, mas o mercado adoptava como referência a cifra de R$ 135 milhões. Esse valor correspondia à avaliação que a própria Vale fazia da sua participação de 50% no activo em seu balanço do terceiro trimestre de 2024. Por ser considerado um valor imaterial para a escala da Vale, a empresa não precisava comunicar os detalhes financeiros à CVM.
Uma mudança no papel, não na prática: Por que a Vale já operava a mina?
Um facto crucial para entender o negócio era que a Vale já era a operadora integral da mina de Água Limpa desde 2001. Isso era garantido por um contrato de arrendamento assinado na mesma época da criação da joint venture.
Isso significava que a aquisição não tinha nenhum impacto imediato na produção, na logística ou na força de trabalho da mina. A mudança era puramente societária e financeira. A Vale deixava de ser a operadora de uma mina em parceria para se tornar a operadora e única dona.

A estratégia da Vale: Simplificação e foco nos negócios principais
A decisão de comprar a parte da Baosteel está alinhada à estratégia da Vale de simplificar a sua estrutura e focar nos seus activos principais. Ao consolidar 100% do controlo da Baovale, a empresa reduz a burocracia e os custos administrativos associados a uma parceria.
Além disso, a consolidação dá à Vale total autonomia para decidir o futuro da mina de Água Limpa, que está integrada ao seu Complexo de Minas Centrais, sem a necessidade de negociar com um sócio.
O futuro da mina de ferro chinesa sob o controlo total da Vale
Com o acordo assinado, o negócio agora aguarda a aprovação final do Conselho Administrativo de Defesa Económica (CADE), o órgão antitruste do Brasil. A expectativa é que a aprovação ocorra sem problemas, já que a formação da parceria em 2001 também foi aprovada sem restrições.
Para a Vale, a compra da fatia que pertencia à Baosteel na antiga mina de ferro chinesa (em parceria) é um movimento de “arrumação da casa”. É a consolidação de um activo que, na prática, já estava sob o seu total controlo operacional, representando um passo lógico na optimização do seu vasto portfólio.
Fonte: CPG