Depois de comprar a OZ Minerals, a gigante australiana BHP está a optimizar o seu portfólio e colocou à venda a sua mina de cobre e ouro, na cidade do Pará (Brasil), despertando o interesse da brasileira Nexa.
No final de Maio de 2025, o mercado de mineração brasileiro foi agitado pela notícia de que a maior mineradora do mundo, a australiana BHP, colocou à venda uma importante mina de cobre e ouro à venda no Brasil. O activo, localizado no Pará, despertou o interesse imediato da brasileira Nexa Resources, controlada pelo grupo Votorantim.
A negociação, que está a ser coordenada pelo Banco Santander, é um movimento estratégico que pode fortalecer a posição da Nexa no mercado de cobre, ao mesmo tempo em que reflecte a nova estratégia da BHP de focar apenas nos seus maiores projectos globais.
Não é o que parece
É crucial esclarecer uma confusão sobre os valores. O número de US$ 6,4 biliões, frequentemente associado ao negócio, não é o preço da mina no Pará. Este foi o valor que a BHP pagou em 2023 para adquirir a empresa australiana OZ Minerals, que era a antiga dona dos activos.
O movimento da BHP em vender a mina de cobre e ouro também não representa uma “saída do Brasil”. A empresa está apenas a optimizar o seu portfólio após a grande aquisição. A gigante australiana mantém a sua participação de 50% na Samarco, sua principal e muito maior operação no país.
O que a BHP realmente está a vender no Pará?
O pacote de activos que a BHP colocou à venda é focado em cobre. Ele inclui a mina subterrânea de Pedra Branca, em Água Azul do Norte, que já está em operação, e o projecto de exploração Pantera, em Ourilândia do Norte, que representa o potencial de crescimento futuro.
Essa é uma oferta estratégica. A BHP recentemente vendeu outros activos de ouro que herdou da OZ Minerals, “limpando” o portfólio para oferecer agora um pacote coeso e atraente para empresas com foco em cobre.
A estratégia da gigante: Por que a BHP vende uma mina lucrativa?
A decisão da BHP de vender a mina de cobre e ouro à venda no Brasil está alinhada à sua estratégia global. A empresa busca concentrar os seus investimentos apenas em activos “Tier-1”, que são operações de grande escala, longa vida e baixo custo.
A mina de Pedra Branca, embora produtiva, com cerca de 12.000 toneladas de cobre por ano, é considerada uma operação pequena para o portfólio de uma gigante como a BHP. A venda vai libertar o capital e o foco de gestão para projectos maiores e mais estratégicos.
A aposta da Nexa: O salto estratégico para o cobre
Para a Nexa Resources, a aquisição seria um movimento transformador. A empresa, que hoje é focada na produção de zinco, busca diversificar os seus negócios e aumentar a sua exposição ao cobre, um metal essencial para a transição energética.
Comprar a operação de Pedra Branca representaria um plaumento de mais de 35% na produção de cobre da Nexa numa única transacção. A experiência da empresa na operação de minas subterrâneas na América do Sul a torna uma candidata lógica e tecnicamente preparada para assumir o activo.
O cenário da negociação da mina de cobre e ouro em Maio de 2025
Até o final de Maio de 2025, nem a BHP nem a Nexa haviam confirmado oficialmente as negociações, uma prática comum neste tipo de negociação. As informações, no entanto, foram divulgadas por fontes do sector a veículos de alta credibilidade, como o jornal Valor Económico.
O cenário aponta para um negócio que faz sentido para todos os lados. A BHP vende um activo que não é mais o seu foco, e a Nexa tem a chance de adquirir uma mina de cobre e ouro à venda no Brasil que pode acelerar em anos a sua estratégia de crescimento e diversificação.
Fonte: CPG