DIAMANTES: TARIFAS DE TRUMP LANÇAM PÂNICO TAMBÉM NO MERCADO DIAMANTÍFERO GLOBAL E ANGOLA É DOS PAÍSES MAIS EXPOSTOS

DIAMANTES: TARIFAS DE TRUMP LANÇAM PÂNICO TAMBÉM NO MERCADO DIAMANTÍFERO GLOBAL E ANGOLA É DOS PAÍSES MAIS EXPOSTOS

Angola pode vir a ser um dos países mais afetados pela rajada de tarifas disparada pelo Presidente Donald Trump contra quase todos os países do mundo, não pelo volume das exportações para os EUA, mas pelo efeito que estas estão a ter em mercados importantes para a economia nacional como o petróleo e os diamantes.

Se no caso do petróleo já era evidente desde a semana passada, no sector dos diamantes, que, apesar de estar em crise há já largos meses, gera dividendos importantes para as contas nacionais, a ENDIAMA a recolher em 2024 cerca de 1,4 milhões USD.

Isto, quando o país está numa fase excepcionalmente boa na produção, com quase 14 milhões de quilates no ano passado, embora observando uma redução substantiva nas receitas, como fica demonstrado pelos números de 2023, com

apenas

9,5 milhões de quilates, que chegou aos 1,5 milhões USD em caixa.

Este momento, marcado pela turbulência gerada nos mercados todos, bolseiros, estimadores e agora é igualmente afectado ao dos diamantes, pode igualmente chegar em pior momento, com um sector muito mais vigoroso no aumento da produção mas num mercado difícil para a colocação.

A ENDIAMA já tinha feito notar, em meados de Janeiro último, que o mercado diamantífero atravessava uma crise, tendo, por isso, vendido menos do que o esperado e tem em

stock

por vender, mais de três milhões de diamantes. Durante a apresentação dos dados definitivos do sector referentes ao ano de 2024, apresentados pelo presidente do conselho de administração da diamantífera angolana, Ganga Júnior, o cenário descrito era negativo mas com as tarifas de Trump, poderá ficar, se não está já, bem pior.

Como nota o site especializado Rapaport, a

bomba

lançada pela Casa Branca criou pânico nos mercados diamantíferos, numa dinâmica que só se tinha visto, em especial, durante a explosão da Covid-19, em Março de 2020. O mesmo site nota que a situação é de tal modo dramática que os negociantes de diamantes estão, pela primeira vez desde que Donald Trump começou a usar a arma das tarifas como ferramenta de pressão negocial mas acaba por recuperar em breve e tirar mais atenção de um grande consumidor também.

E, ao mesmo tempo, os Estados Unidos são o segundo maior importador de diamantes, o que vai mexer negativamente nas vendas, visto que se trata de um negócio que já vinha de uma crise prolongada, da qual apenas escapavam os diamantes de grandes dimensões e qualidade superior.

Para já, numa tentativa de remediar as quebras, a indústria e o comércio norte-americano estão a redireccionar a sua actividade para locais como Hong Kong (China) ou Dubai (EUA), mas os analistas fazem notar que se não se verificar um recuo na tempestade de tarifas de Trump, a desconfiança tenderá a crescer e de um mercado já frágil, poder-se-á evoluir para uma catástrofe no sector.

E Angola, como já o é no petróleo, é um dos países que mais será afectado se esse recuo não acontecer, porque é um dos que apresenta maior volume de exportações e depende das operações dos principais compradores do mercado. Segundo avançava em Janeiro o PCA da ENDIAMA, a produção até ao ano de 2023 rondava, em média dos últimos anos, os 9,5 milhões de quilates, mas, de forma excepcional, no ano passado atingiu os 14 milhões, sem que isso tenha servido para aumentar o valor das receitas, tendo mesmo sofrido uma redução de 1,5 milhões para 1,4 milhões de dólares.

Isto, porque os preços dos diamantes angolanos ficaram 55% abaixo do planeado em 2024, assegurou o responsável, o que deixa perceber que a trajectória do sector em Angola sofreu um abalo face aos objectivos. Segundo Ganga Júnior, apesar das dificuldades, a ENDIAMA, quando ainda não existiam sequer sombras da avalanche de tarifas de Trump, mantém-se a trabalhar no aumento da produção, prevendo a criação de mais postos de trabalho no ano corrente, mais quatro mil comparativamente ao ano de 2023.

Mantendo a produção, até 2027, poderá ter um aumento para 35 mil quilates. Apesar da complexidade da situação gerada pela crise internacional neste sector, a ENDIAMA vai continuar a produzir e a preparar-se para um aumento em 2025 das receitas para os cofres do Estado acima de 2 mil milhões USD.

Este cenário em construção, provavelmente, também poderá obrigar a ENDIAMA a rever as suas perspectivas.

Fonte: Novo Jornal