PROCURA POR MINERAIS CRÍTICOS COMO LÍTIO OU TERRAS RARAS PODERÁ AUMENTAR ATÉ 10 VEZES ATÉ 2035

PROCURA POR MINERAIS CRÍTICOS COMO LÍTIO OU TERRAS RARAS PODERÁ AUMENTAR ATÉ 10 VEZES ATÉ 2035

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou esta terça-feira, 08, um conjunto de ordens executivas destinadas a revitalizar a indústria do carvão no país. A informação foi confirmada por duas fontes próximas do processo à agência Reuters, que indicam que a cerimónia de assinatura decorreu às 15h locais (20h em Luanda), na Sala Leste da Casa Branca, com a presença de altos responsáveis da Administração e executivos de algumas das maiores empresas mineiras norte-americanas.

Entre os convidados estiveram representantes da Peabody Energy Corp., Core Natural Resources Inc. e Ramaco Resources, Inc. Estas novas ordens visam aumentar a exploração e utilização do carvão nos Estados Unidos, incluindo a reactivação da venda de direitos mineiros em terrenos federais, a designação oficial do carvão como “mineral crítico” e o incentivo à sua exportação e à exportação de tecnologias associadas.

Desde que assumiu funções a 20 de Janeiro, Trump tem procurado reverter regulamentações ambientais implementadas por administrações anteriores, com o objectivo de reforçar a produção energética interna. O carvão, apesar de representar apenas cerca de 15% da geração eléctrica actual nos EUA (uma queda face aos mais de 50% em 2000), é uma das prioridades do presidente.

“Os EUA estão muito à frente na corrida pela inteligência artificial com a China”, afirmou Trump na segunda-feira, durante um evento na Sala Oval. “Mas garantir fornecimento de energia eléctrica para os centros de dados é crucial para manter essa vantagem.

” Com o crescimento exponencial dos centros de dados e da electrificação da economia, a Administração Trump vê o carvão como essencial para garantir energia acessível, fiável e nacional. Doug Burgum, secretário do Interior e responsável pelo recém-criado Conselho para a Dominância Energética Nacional, defendeu que a energia a carvão continua a ser “fiável e barata”, apontando-a como ideal para dar resposta à procura futura de electricidade — que, segundo previsões da NextEnergy Inc.

, poderá crescer 55% nos próximos 20 anos. Carvão como “mineral crítico” e travão às políticas ambientais O novo pacote legislativo, segundo adiantam fontes à Bloomberg, obriga as agências federais a classificarem o carvão como “mineral crítico”, colocando-o ao lado de matérias-primas estratégicas como lítio e terras raras, usadas em sistemas de defesa e baterias.

Esta medida decorre de uma ordem anterior, já assinada por Trump, que autoriza a mobilização de fundos de emergência para aumentar a produção doméstica desses recursos. A nova ordem também exige que as agências governamentais identifiquem depósitos de carvão em terrenos federais e priorizem o seu arrendamento, levantando as restrições que estavam em vigor desde a moratória imposta pela Administração Obama.

Dados do Departamento do Interior revelam que o número de concessões mineiras federais caiu de 489, em 1990, para 279 em 2023, com a área abrangida a reduzir-se de 730 mil para 422 mil acres. O Presidente exigiu ainda a revogação de todas as políticas públicas que incentivem a transição para fontes de energia longe do carvão.

Paralelamente, a Agência de Protecção Ambiental (EPA) está já a rever regulamentos sobre centrais a carvão, incluindo os limites para emissões de mercúrio e dióxido de carbono, podendo isentar algumas unidades de obrigações ambientais.

Apesar dos esforços da Casa Branca, analistas duvidam que estas medidas venham a inverter o declínio da indústria do carvão nos EUA. O sector perdeu competitividade face ao gás natural — mais barato e menos poluente — e às energias renováveis, que têm recebido apoio crescente por parte das empresas tecnológicas e dos estados mais progressistas.

Desde 2000, encerraram 770 unidades de produção a carvão nos EUA, segundo dados do Global Energy Monitor. Empresas como a Amazon, Google ou Microsoft têm comprometido os seus centros de dados a funcionarem exclusivamente com energia limpa, dificultando a aposta da Administração Trump em alimentar essa infra-estrutura com carvão.

Ainda assim, Trump vê nesta iniciativa não só um impulso energético e económico, mas também uma questão de segurança nacional, ao relacionar a estabilidade do fornecimento energético com a capacidade dos EUA em liderar a transformação digital global.